No distrito da Guarda, em Portugal, está Trancoso que (apesar de ser cidade) faz parte das 12 Aldeias Históricas de Portugal. Em tempos de definição de fronteiras, a sua localização foi, durante muitos séculos, muito estratégica, sendo que sempre teve uma posição geográfica privilegiada, no topo do planalto, entre os rios Douro, Côa e Mondego e fez parte de um conjunto de fortalezas, entre a Serra da Estrela e Espanha. Visitar o centro centro histórico de Trancoso é como fazer uma viagem ao passado, sem necessidade de mapa ou máquina… basta seguir os passos da História e descobrir os monumentos e locais museológicos.
No alto do planalto, o Castelo de Trancoso guardará, por certo, muitas histórias… tantas quantas a do personagem Bandarra, poeta, sapateiro e profeta, conhecido por ser filho desta terra.
Ponha os pés ao caminho para ficar a conhecer o centro histórico de Trancoso, que se desenvolveu em redor do castelo. A Carta de Foral chegou por D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, e a Carta de Feira com Afonso III. D. Dinis mandou construir as muralhas que ainda hoje se mantêm e que rodeiam a antiga vila medieval. Com fronteiras instáveis, durante a Idade Média, Trancoso foi local de muitas batalhas: primeiro entre cristãos e muçulmanos e, depois, entre Portugal e os reinos vizinhos.
Entre pelas Portas d’El Rei, percorra as ruas históricas, suba até ao castelo e, com sorte, durante o tempo mais quente, poderá ver as casas e jardins todos floridos. Passe pela Igreja de S. Pedro, onde está o túmulo de Bandarra, experimente um dos restaurante típicos locais e, com mais tempo, desfrute de um dos alojamentos no centro histórico. Atente nos candeeiros de rua com a imagem do castelo desenhada e aproveite para visitar o comércio tradicional.
“Durante a crise dinástica que se sucedeu à morte de D. Fernando, Trancoso foi palco de uma das mais fascinantes páginas da História de Portugal: a 29 de Maio de 1385, um pequeno exército liderado por Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide de Trancoso, derrotou o poderoso exército castelhano junto à vila, contribuindo para consolidar a autoridade do Mestre de Avis, D. João, e para reforçar a viabilidade da causa portuguesa nele personificada.
Mais tarde, em 1510, a povoação recebeu Foral Novo de D. Manuel I, adaptando-se, assim, às novas exigências dos tempos modernos” – informação do site das Aldeias Históricas.
O QUE VER E VISITAR EM TRANCOSO
As Portas D’El Rei são uma das imagens de postal de Trancoso e fazem parte das portas da vila, nas muralhas históricas. As muralhas começaram a ser construídas no século XII, mas a ampliação seguiu até inícios do século XIV e, apesar das demolições nos últimos anos, ainda se mantém grande parte das torres originais, por exemplo.
Três das quatro portas principais existem: Portas d’El Rei, Portas do Prado e Porta do Carvalho; assim como as duas portas secundárias: Porta da Traição e Olhinho do Sol; e um postigo: Boeirinho. A cerca amuralhada de Trancoso está classificada como Monumento Nacional desde 1921.
– CAPELA DE S. BARTOLOMEU
Antes de entrar nas muralhas, uma pequena capela tem uma enorme história: está associada ao casamento de D. Dinis com Isabel de Aragão, em 1282. A reconstrução da capela é de 1778 e sobressai o conjunto de azulejos, em memória do casamento real. Aqui ao lado estão também duas estátuas modernas que representam a união entre os monarcas.
No topo do planalto, surge o Castelo de Trancoso, que tem a primeira referência em 960, sendo retratada como uma das mais importantes fortificações da área. Dos séculos IX-XI guarda ainda a sua torre de menagem que pode subir e ver de cima o casario e a cidade, assim como os montes vizinhos. A cerca também se mantém com cinco torreões e, no interior, tem um ponto de apoio ao turista, se quiser receber mais informações de visita, etc. O castelo está classificado como Monumento Nacional desde 1921.
– CASA DO GATO PRETO
Na parede sobressai a figura do animal, mas a casa do Gato Preto – também conhecida por casa do Leão de Judá – está assinalada como um dos maiores legados do património material judaico de Trancoso. Na fachada encontram-se vários motivos arquitectónicos.
– ESTÁTUA E A CASA DO BANDARRA
A estátua do famoso poeta e profeta (e também sapateiro) Gonçalo Anes Bandarra está no Largo do Município (onde estão os Paços do Concelho, edifício construído em 1920). Esta personagem, do século XVI, foi quem escreveu trovas que se acharam proféticas. Algo que não foi bem visto pelo Santo Oficio de Lisboa, que lhe instaurau um processo, em 1541.
No Centro Histórico de Trancoso encontra a Casa do Bandarra, um espaço que explica um pouco melhor, no tempo e na história, a controvérsia em redor de Bandarra, cujo túmulo está na Igreja de S. Pedro.
Sapateiro, poeta e profeta, Gonçalo Anes Bandarra, é considerado uma espécie de “Nostradamus português”, tendo inspirado autores como Fernando Pessoa que lhe dedica o poema “O Encoberto”, inspirado nas “Trovas do Bandarra”. Aliás, as suas trovas influenciaram o pensamento sebastianista e messiânico também de D. João de Castro e do Padre António Vieira. Leia mais aqui.
– CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA CULTURA JUDAICA
Mesmo em frente à Casa do Bandarra está um edifício moderno que acolhe o Centro de Interpretação da Cultura Judaica Isaac Cardoso (médico judeu nascido no século XVII) – num local onde se seria a antiga Judiaria (bairro judeu) – a presença judaica em Trancoso é anterior ao século XIV.
Saiba mais sobre este espaço no Viaje Comigo – leia aqui.
– POÇO DO MESTRE
E na rua deste Centro de Cultura e da Casa do Bandarra, está o Poço do Mestre. Imagina-se que estivesse ligado à sinagoga que terá existido junto deste local.
– PARQUE MUNICIPAL
É, sem dúvida, um dos meus locais preferidos em Trancoso. Tem percursos pedestres para descobrir, ou pode simplesmente relaxar num dos seus bancos. É um espaço verde já com história, projectado em 1886, sendo um diversificado parque botânico, com mais de 650 árvores e mais de 40 espécies, muitas delas exóticas e centenárias.
– CAPELAS E IGREJAS
– Igreja de S. Pedro: foi fundada na Idade Média, mas o que vemos hoje é fruto de reconstruções variadas e sobretudo no século XVIII. É no seu interior que está o túmulo do profeta Gonçalo Annes Bandarra, sepultado em 1545.
– Igreja da Misericórdia: fica do outro lado da rua da Igreja de S. Pedro. Apesar de a Casa da Misericórdia ter aparecido na primeira metade do século XVI, a construção que hoje vemos é datada do século XVIII.
– Igreja de Nossa Senhora da Fresta: fundada no século XII é uma das igrejas mais antigas de Trancoso. Ficando extramuros, foi integrada no Cemitério de Trancoso e, em 1944, foi classificada como Imóvel de Interesse Público.
– Capela de Santa Eufêmia: é datada de 1776, de arquitetura barroca.
– Capela do Senhor da Calçada: datada de 1770; esta capela já esteve no caminho que desce para a igreja de Nossa Senhora da Fresta, daí a evocação de Senhor da Calçada.
– PALÁCIO DUCAL
Fica mesmo em frente a um dos alojamentos sugeridos abaixo – o Solar Sampaio e Melo – e é um edifício do século XVIII, mandado construir por Jacinto Lopes da Costa Tavares, então Governador das Armas da Beira. Apesar de se chamar de Palácio Ducal, foi residência de Viscondes. Atualmente está abandonada.
– PELOURINHO DE TRANCOSO
Além de símbolo da justiça, o Pelourinho mostra também a importância que Trancoso terá tido na formação de Portugal e na defesa das suas fronteiras. Foi erigido no adro da Igreja de S. Pedro, em 1510, aquando da atribuição do Foral Novo por D. Manuel I. Neste local já esteve a Casa da Câmara e o Convento de Santa Clara. O Pelourinho está classificado como Monumento Nacional desde 1910.
TAMBÉM PARA VISITAR EM TRANCOSO
– Barbacã: construída em 1370 para reforçar a segurança do castelo e muralhas, ou seja, era uma primeira linha de defesa. Hoje em dia, existe apenas um pedaço entre a Porta da Traição e a Porta do Olhinho do Sol.
– Campo Militar da Batalha de Trancoso: fica fora do centro histórico (a uns 2 Km), junto da ermida de S. Marcus. Foi aqui que, em 1385, teve lugar a Batalha de Trancoso. Foi importante porque o exército liderado por Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide de Trancoso, derrotou um poderoso exército castelhano.
– Fontes:
– Fonte da Vide: tem a data de 1813, mas sabe-se que terá tido uma construção bastante anterior.
– Fonte Nova: construída em 1589 ostenta um brasão régio e a inscrição “Deus ajuda-me”
– Sepulturas Rupestres:
– Núcleo de Sepulturas Rupestres da Micha Velha: fica na encosta nascente do castelo, junto do caminho de ligação a Pinhel. Tem sete sepulturas escavadas na rocha.
– Núcleo de Sepulturas Rupestres de S. Tomé: fica na encosta nordeste do castelo, saindo pela Porta do Carvalho- São duas sepulturas medievais escavadas na rocha.
ONDE DORMIR EM TRANCOSO
– Solar Sampaio e Melo
No centro histórico de Trancoso, o Solar Sampaio e Melo é perfeito para ficar a conhecer o centro histórico a pé, sem necessidade de pegar no carro. Pode ser o verdadeiro refúgio, para relaxar e explorar esta que é uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal. Leia mais no Viaje Comigo.
Telefone: +351 217 817 052 / +351 963 699 596 / +351 966 046 766
– D. Dinis – Alojamento Local
A poucos metros do centro histórico de Trancoso – junto da central de camionagem – este alojamento local tem decoração simples nos 22 quartos (individuais, duplos e triplos). O pequeno-almoço está incluído. Fica situado na Avenida da República, número 10, ou seja, muito perto de tudo o que ha para visitar e dos restaurantes típicos.
Telefone: (+351) 271 811 525
Aqui perto ficam as Aldeias Históricas de Marialva (a 23 Km) e de Linhares da Beira (36 Km). Saiba mais sobre as Aldeias Históricas de Portugal..