No mercado de peixe em Bombaim, Índia

Em Bombaim, na Índia, a Sassoon Docks é uma das mais antigas docas da cidade e um das poucas abertas ao público. No sul de Bombaim, na Cuff Parade, foi construído em 1875 e é tido como uma dos maiores mercados de peixe da cidade. Mas, não pense que vai ver as tradicionais bancas com os peixes alinhados para venda. Aqui, as vendas são aos caixotes e saem para grandes empresas e para exportação.

Mal abrem as portas do autocarro, onde seguíamos, um cheiro forte faz enjoar os mais susceptíveis. É também o cheiro de peixe seco. É o cheio de águas paradas (onde estão dezenas de barcos, que também são  casas). É o cheiro de pedaços de peixes, que foram deixados nas ruas, antes de seguirem para os pontos de venda. Há espinhas, cabeças de peixe, pedaços de lulas e pernas de polvo que quase nos fazem escorregar, antes de chegarmos à porta do mercado. À medida que nos aproximámos do local onde está o verdadeiro peixe fresco o cheiro vai diminuindo, por isso, o melhor local para se estar é mesmo no meio da venda do peixe que acabou de chegar nos barcos.

A melhor altura para visitar o mercado é de manhã, quando ainda apanha a venda de peixe. Nas ruas vizinhas vende-se de tudo um pouco e encontram-se armazéns com dezenas de pessoas (99% mulheres) que trabalham na descasca do camarão. Os camarões chegam aqui envoltos em gelo e as trabalhadoras passam o dia inteiro a tirarem-lhes a casca, para serem de novo congelados e enviados para exportação para o mundo inteiro.

Porque se tornou um local tão conhecido, o Mercado de Sassoon Docks é muito visitado por turistas. Tão visitado que a primeira coisa que nos dizem é que não querem que lhes tirem fotografias. E outro problema é que poucos falam inglês. Tente falar com eles e mostrar-se interessado no que estão a vender. No meu caso, gosto de fotografar as cores coloridas dos saris das mulheres e, com algum jeitinho, e muitos sorrisos, acabo por conseguir tirar fotografias. Sinceramente, o melhor é ir no máximo duas pessoas e não em grupo. O grupo assusta-os um pouco. Eu estava em grupo, mas separei-me e fui sozinha fotografar no interior do mercado. É a melhor parte, em que fico sempre a admirar coisas simples do dia a dia da cidade que estou a visitar.

Páro por um minuto junto de um senhor que, no meio da confusão, da venda de peixe, está relaxado a dormir. E um outro está a ler o jornal. E mesmo aqui ao lado, um homem larga meia dúzia de pescado e no chão e começa uma ladainha: estava a vender o peixe à melhor proposta. Demorou um pouco a vendê-lo, por isso, o preço foi descendo, descendo até uma das mulheres que estava a assistir arrebatar tudo, de forma entusiástica. No final, dividiu com uma outra que estava ao seu lado.

Escusado será dizer que este mercado tem centenas de pássaros a sobrevoá-lo. Diz-me a guia que as aves brancas e esguias são gaivotas da Sibéria que, nesta altura do ano (fevereiro) vêm para aqui à procura de comida… será? Seja lá de onde foram, foi uma delas que decidiu dar uma decoração e largar um bombardeio na minha blusa – o que vale é que tinha umas toalhitas para me limpar. 😀

Se tiver tempo dê, pelo menos, uma volta ao quarteirão onde vai ver inúmeros grafitis nas paredes. fazem parte de um projeto que envolveu inúmeros artistas internacionais de street art.

Este tour foi feito com a Trinity Tours.