Em França, no Château de Chambord há uma atmosfera feérica que se sente logo à entrada, como se fosse um castelo de contos de fadas. Mas, este edifício extraordinário faz mesmo parte da história do país e serviu de local de repouso e de caça para o rei François I (1494-1547) que, apesar de se manter muito ligado a este projeto arquitetónico, manteve a sua residência no Château de Blois e no Château de Amboise. Veja o vídeo!
Aconselho o leitor a passar quase um dia inteiro em Chambord. Além do castelo, dos jardins, pode fazer passeios de bicicleta ou de barco, almoçar e lanchar (com piquenique ou nos ótimos restaurantes), visitar lojas e continuar a visitar no interior e exterior do château. Também pode fazer uma viagem num pequeno avião e apreciar os castelos do Loire, a partir do céu.
É um dos mais conhecidos castelos de todo o Vale do Loire – e um dos mais conhecidos do mundo – devido à sua arquitetura e estilo Renascentista francês, que combina estruturas clássicas italianas com as formas medievais francesas. Foi construído ao longo de mais quase 30 anos, entre 1519 e 1547.
Quando visitei Chambord, em julho de 2017, tinham acabado de inaugurar os jardins, junto do canal, recriados a partir dos originais do século XVIII – que estão desenhados em documentos oficiais. Ficaram incríveis.
Mostrando uma afirmação do poder real, Chambord tornou-se Património da Humanidade, sendo considerada uma obra prima – muitos dizem que é para a arquitetura o que Mona Lisa será para a pintura. Em muitos aspetos vai encontrar também a influência de Leonardo da Vinci. O castelo só viria a ser terminado por Luís XIV, mantendo o plano inicial de arquitetura, e veio sendo casa de vários reis e principies. Em 1930, o Estado adquiriu todo o domínio.
Para fazer passeios: o bosque é gigantesco, tão grande como a área de Paris! É o maior parque muralhado da Europa com 5.440 hectares.
O castelo ainda tem muitas peças originais, como mesas, as mármores, portas de madeira com o brasão do rei, etc. Uma das curiosidades que pude ver: existe um quarto secreto que o levará à cama do rei. No quarto secreto do rei tem uma escada do século XVII, de madeira, e este quarto só é aberto com a visita especial, com guia. E onde há portas secretas há quartos de amantes…
Embora a identidade do arquiteto de Chambord permaneça desconhecida, dizem que o design do Château se inspira no trabalho de Leonardo da Vinci. Após a batalha de Marignano, François I descobre a arquitetura italiana e o trabalho de da Vinci. Quando voltou para França, em 1516, o rei convidou o génio a residir na corte da França, como “o primeiro pintor, arquiteto e engenheiro do rei”.
A influência de da Vinci no projeto de construção de Chambord é encontrada na comparação entre partes arquitetónicas adotadas e os esboços que fez nos seus cadernos: o plano centralizado da torre, a presença da escada de dupla hélice, um sistema de latrinas de dupla fossa e ventilação ou o sistema de impermeabilização dos terraços são pormenores que o tornam o inspirador deste projeto.
ALGUMAS DATAS IMPORTANTES EM CHAMBORD
1515 – Françoi I torna-se rei de França
1519 – Morte de Leonardo da Vinci em Amboise, começa a construção de Chambord
1539 – Acaba de ser construído o torreão. François I convida Carlos V a passar uma noite em Chambord
1542 – Início da construção da muralha do parque
1545 – Última estada de François I em Chambord. Fim das obras de elevação da ala real.
1547 – Falecimento de François I. Henrique II, sem filho, é o novo rei e continua com as obras de Chambord.
1556 – Suspensão das obras.
1626 – O castelo foi passado para Gaston de Orleans
1641-1642 -Primeiras obras de restauração do castelo. Continuação da construção da muralha do parque.
1792 – O mobiliário do castelo é vendido em leilão pós Revolução Francesa
1809 – Napoleão cede Chambord ao Marechal Louis Alexandre Berthier, príncipe de Wagram.
1840 – Inscrição do castelo na primeira lista de monumentos históricos de França
1923 – O domínio é classificado como Património Protegido
1930 – Compra do domínio pelo Estado francês
1981 – Castelo é declarado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO
O QUE NÃO PODE PERDER EM CHAMBORD
– A escada em caracol
Esta enorme escadaria (em dupla hélice) é algo que é quase um quebra-cabeças para os visitantes. É feita por duas rampas gémeas e, se subirem as escadas em pontas diferentes, não se cruzam e apenas se vêem pelas aberturas. Misterioso!
– Mobiliário antigo
No primeiro piso do castelo, há inúmero mobiliário antigo para ver de perto. Os aposentos de François I, assim como os apartamentos para convidados. Um dos sofás-baú que me mostraram – na visita guiada – explica o porquê de todos os móveis que encontramos. São na maioria desmontáveis e têm a capacidade de guardar muita coisa para levar em viagem. Como não podiam ter guardas em todos os castelos, quando não estava ninguém aqui, levavam tudo com eles em viagem, para que nada fosse roubado. Os móveis têm mecanismos – para desmontar facilmente – bem mais interessantes do que os móveis de hoje em dia. E também fáceis de transportar.
– Salas abobadadas
No segundo piso, as salas com abóbadas, acolhem cofres, salamandras antigas e outros pormenores para ver.
– O terraço
É daqui que tem a melhor vista sobre Chambord e para todos os pontos cardeais – incluindo vista para os bonitos jardins.
– Lojas e restaurantes
Há inúmeras lojas para descobrir e fazer compras (com souvenirs, doçarias, vinhos e outros produtos gourmet) e restaurantes para provar a gastronomia francesa (fui almoçar ao Monument Café – leia mais abaixo).
– Outros passeios no domínio
Fazer o passeio de barco no canal: é muito relaxante – muito fácil de guiar – e talvez o melhor local para fazer calmamente as suas fotografias de Chambord. Pode também fazer passeios de bicicleta. Saiba mais aqui.
O CHÂTEAU DE CHAMBORD: POR PISOS
– Rés-do-chão
Além dos jardins franceses, no exterior, tem uma sala audiovisual, para ver filmes relacionados com a história do local; a escada em caracol; a sala de Caça; a sala dos Ilustres; a sala dos Borbones; e a cozinha do século XVIII; entre outras curiosidades.
– No primeiro piso
Está aqui o quarto de François I; o oratório; o quarto da rainha; apartamentos para receber; o quarto do governador; a capela; e o Museu do Conde de Chambord (século XIX). Os mobiliários são dos séculos XVI a XVIII.
– No segundo piso
É onde nos leva a magnífica escada em caracol, para poder ver os tetos abobadados – com os emblemas de François I. Três salas recordam a história da caça em Chambord – alguma salas aqui acolhem exposições artísticas e temporárias.
– No terceiro piso: o terraço
Daqui conseguirá ter uma bonita panorâmica sobre o domínio e observar os jardins e parte do bosque, assim como o canal de Chambord. É também um local especial para perceber a mistura de influências arquitetónicas e a simbiose entre o gótico e o Renascimento italiano.
ONDE ALMOÇAR EM CHAMBORD
Aproveite bem o dia em Chambord. Além do interior, pode fazer passeios no bosque, de bicicleta, de barco, no canal, e desfrutar calmamente de refeições num dos restaurantes da praça, junto do edifício de entrada.
Fui ao Monument Café onde tudo tinha uma aspeto delicioso e o melhor é que não tive de esperar para ser servida. É self service, com várias opções: saladas variadas (com ovo cozido, camarão, quinoa, massa com pesto e queijo); depois tem os pratos quentes em pequenos tachinhos, com propostas de carne ou de peixe, com legumes a acompanhar; e as sobremesas (com muito bom aspeto) desde fruta a cheesecake, bolo de chocolate e macarron…
O Monument Café diz ser “O restaurante dos viajantes e das famílias” e tem menus a partir de 15€ (entrada e prato ou prato e sobremesa), entrada prato e sobremesa por 20€ ou só prato por 10€ (menu de crianças por 10€).
– Procura outros hotéis em Chambord? Pesquise aqui
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INFORMAÇÕES
Château de Chambord
Morada: Château Chambord, França
[47.664723, 1.523442]
Telefone: +33 (0)2 54 50 40 00
Site oficial
O parque de estacionamento é pago.
Nota: veja a agenda antes de ir para Chambord. Por vezes, há espetáculos especiais para miúdos e para graúdos também com brincadeiras e/ou recriações.