O Château de Meung-sur-Loire fica apenas a 29 quilómetros de Chambord e é um château que merece uma visita, por ser tão diferente dos demais castelos do Vale do Loire. É uma viagem ao passado, não só com a reconstituição das salas, quartos, ambientes… mas também com a história espelhada e explicada e com apuro dos sentidos, já que tem também cheiros (dos bons!) à mistura. É também, por isso tudo, um dos castelos mais chamativos para as famílias e para as crianças, mas não só.
Parei o carro num parque de estacionamento sugerido, fora do centro histórico de Meung-sur-Loire – depois do GPS me levar direitinho lá. E uns passos à frente vi que tinha o Posto de Turismo. Entrei para pegar em mais informação mas, como a responsável ficou uns 5 minutos ao telefone, desisti, e liguei o Google Maps. Achei que ia ter dificuldade em encontrar o Château, mas não podia ser mais fácil. Fica a uns 300 metros à frente, para o lado esquerdo.
Pelo caminho fui descobrindo o centro histórico de Meung-sur-Loire, que é muito pitoresco, bonitinho e pequenino, onde as pastelarias têm montras de fazer babar. Ao lado deste château privado, datado do século XIII – um dos mais antigos do Loiret -, e que está classificado como Monumento Histórico, está a Colegiada de Meung-sur-Loire.
Até à Revolução, este château foi a casa de Bispos de Orleans e recebeu grande nomes da história francesa. Tudo começa com um primeiro castelo, no século IX, e este sempre foi um local estratégico no conflito que opôs franceses e ingleses, na Guerra dos 100 Anos. Alguns reis passaram por aqui, como François I e Louis XI, assim como também é dito que Joana D’Arc terá estado cá por volta de 1429.
O château conheceu momentos de glória, em particular antes da Revolução quando o Bispo de Orleães (Orléans) decidiu investir a sua fortuna para recriar uma Versalhes em ponto pequeno; mas também teve o seu lado sombrio quando serviu de prisão. É, aliás, possível passar pelas catacumbas e ver os locais que eram as celas. O seu mais famoso prisioneiro foi o poeta François Villon.
Também nos subterrâneos foram descobertas mais salas onde, hoje em dia, são projetados vídeos sobre a história francesa e do local.
Depois da Revolução, o château foi comprado por um dos fundadores do Banque de France e foi, durante vários anos, residência privada mas aberta para visitas. Hoje em dia é também privada (de um casal) mas ficou totalmente aberta ao público – apenas uma pequena parte está fechada como residência – e preparada para acolher visitantes de várias idades.
O Parque do Château de Meung-Sur-Loire tem sete hectares, que podem ser aproveitados para os passeios dos visitantes. Ainda que nada tenha sobrado do estilo de jardins à francesa iniciais, existem vestígios do parque inglês criado antes da Revolução.
Junto das traseiras do château, ao lado de uma das fontes, estava montado um campo de tiro com arco. E foi a primeira coisa que fiz quando aqui cheguei… Não fui muito feliz na pontaria, porque é preciso ter força… Bem que tentei! Estavam lá uns jovens muito divertidos a aprender.
E, ao nosso lado, um rapaz que encarava a personagem de ferreiro, mostrava como se cunhava uma moeda antigamente. Aprende-se muito neste château. O castelo acolhe também inúmeros eventos, ao longo do ano, que pretendem ser recriações da época medieval: como se vestiam, a higiene, a comida, como lutavam, as armas, a proteção, etc.
E, se quiserem, as crianças podem vestir-se a preceito, com as roupas dos cavaleiros (sem custo extra). Também têm a caça ao ovo, na Páscoa, um evento especial de Natal, atividades para os feriados e férias escolares, desfiles de moda com roupas antigas, etc. Há sempre algo a acontecer.
ARQUITETURA
O château de Meung-sur-Loire é uma mistura da arquitetura francesa desde a Idade Média até à Época Clássica. Torres do século XII dão-lhe o ar defensivo que mudou no século XVI e principalmente se atenuou no século XVIII, principalmente com uma fachada menos defensiva, tornando-se uma espécie de Versalhes em ponto pequeno. Hoje, essa mistura de estilos mantém-se com alguns pormenores que se podem encontrar no edifício principal:
– um armazém do início do século XIII;
– Uma escadaria em espiral do século XVI;
– Salões e biblioteca ao estilo Versalhes do século XVIII;
– Uma espetacular casa de banho dos bispos;
– Uma capela neo-clássica da viragem do século XVIII de Louis-François Trouard;
– Um pavilhão musical atribuído a Nicolas Le Camus.
VISITA AO CHÂTEAU DE MEUNG-SUR-LOIRE
A visita começa na Sala “des Gardes” – onde estão armas e armaduras antigas – com uma arquitetura do século XII. Tem portas “escondidas” que nos levam a salas diferente e o que nos surge primeiro é uma capela do século XVIII com estilo italiano, na época do neoclassicismo.
Vem depois a Sala dos Jogos e Música; sala de fumo e dos licores; o salão das damas; a sala de jantar; a cozinha medieval; a despensa e a outra cozinha grande, onde até podemos provar o que está a sair do lume – da mega lareira sempre acesa.
Atravessámos escadarias de pedra, lindas e seculares, para irmos dar a mais salas como a do herborista (cheio de vidrinhos com plantas para curar mazelas); o quarto dos doentes; e uma sala de banhos grandes com sauna e banhos quentes – ao lado está uma outra sala com muitas banheiras antigas em exposição.
Os melhores locais, são aqueles que juntam o sentido do olfato a esta visita: na sala de passar a ferro, está o cheirinho de lavanda e roupa acabada de lavar; no quarto da Madame há o cheirinho do chocolate quente, acabado de fazer. Depois, a visita passa pelos calabouços levando a uma saída que seria totalmente desconhecida por estar escondida, num canto do château.
Uma das salas tem também uma exposição com as roupas das mulheres através dos séculos e a acompanhar os estilos e as épocas. Com vestidos, espartilhos, saias e saiotes, etc. Muito interessante.
O château de Meung-Sur-Loire é um dos que mais atrai crianças e grupos escolares. Ainda que tudo o que está dentro de portas seja interessante, juntaram uma espécie de jogo que os mais novos adoram.
À medida que se vai passando de sala em sala, estão objetos espalhados que puxam pela curiosidade. Há as caixas “O que é isto?” – está lá a pergunta com várias hipóteses de resposta. E vai ver que a resposta pode não ser a que imagina!
Outro jogo é o de encontrar objetos fora do tempo, ou seja, que não pertencem àquela época. Exemplo: os jeans no meio da roupa lavada ou uma pastilha elástica na mesa da cozinha. Tanta brincadeira enquanto se aprende História.
INFORMAÇÕES
Château de Meung-sur-Loire
Morada: 16 Place du Martroi, 45130 Meung-sur-Loire, França
Site com informações de horários e preços
– Saiba mais sobre o Vale do Loire, no Viaje Comigo –