Em Marrocos, a cidade de Casablanca é considerada a capital económica do país. No mundo inteiro, ficou imortalizada pelo filme “Casablanca” (com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman), de 1942, que, curiosamente, não foi aqui filmado! Outra nota curiosa é que o terramoto de Lisboa, em 1755, foi aqui sentido e destruiu parte do centro histórico da cidade.
O filme Casablanca foi quase totalmente filmado em estúdios, no entanto, na cidade que dá nome (e enredo) a um das mais icónicas películas de sempre tem um café que revive essa história. O Rick’s Café é um típico espaço marroquino requintado, onde pode assistir a música ao vivo.
A cidade é considerada um exemplo de modernidade em Marrocos e se, de facto, a comparar com outras cidades vai considerá-la muito cosmopolita e uma cidade virada para o mar. A sua marginal, junto ao oceano Atlântico, é bastante moderna, repleta de bonitos bares e restaurantes e piscinas privadas. Tem também uma praia com areal grande onde os marroquinos vão tomar banhos de sol e de mar, ainda que a maior parte vá completamente vestida para a água, devido aos seus costumes culturais. Mas, divertem-se na mesma.
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Já estive três vezes em Casablanca, mas nunca passei mais de um dia por lá. Na primeira vez, estive lá menos de 10 horas – apenas a fazer horas, vinda de Rabat, para apanhar o avião no aeroporto – mas deu para passar por alguns dos locais mais emblemáticos. Da segunda vez consegui descobrir alguns segredos da cidade, como este local lindíssimo que pouca gente conhece – descubra aqui. E da terceira vez, apenas algumas horas, numa escala de um cruzeiro.
Casablanca é uma cidade que se distingue por ter acolhido eventos históricos. Foi nesta cidade que, de 14 a 24 de janeiro de 1943, no Hotel Anfa, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill fizeram a Conferência de Casablanca, onde estabeleceram a questão da “rendição incondicional” da Alemanha.
E se o Rick’s Café é um bom local para comer e se divertir, um outro local que nos aconselharam foi Brasserie Marcel Cerdan. Marcel foi um conhecido pugilista que teve uma ligação romântica com a conhecida cantora Edith Piaf e, por isso, este local é também um dos pontos obrigatórios durante uma visita a Casablanca. Veja no final deste texto, mais sugestões de Onde Comer, em Casablanca.
Casablanca mantém parte da sua história bem preservada e, ao mesmo tempo, adaptou-se aos tempos modernos e consumistas: é aqui que está o quinto maior shopping do mundo (o Morocco Mall, que tem um enorme aquário no centro do espaço). A cidade tem uma zona muito chique, que quase uma espécie de Beverly Hills de Casablanca, repleta de mansões que custam milhões de dólares. Neste mesmo local estão campos de golfe.
Em Casablanca, apesar de ter a uma das maiores mesquitas do mundo, a Hassan II, também consegue encontrar igrejas católicas. É o caso da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, bem no centro da cidade, com vitrais coloridos com representação de cenas da vida de Cristo. No exterior está a representação da gruta onde apareceu a Nossa Senhora em Lourdes, França.
Junto do mar estão também restaurantes de fast food que ficaram vizinhos de clínicas de estética. “Se comer ali muitas vezes depois tem de vir aqui à clínica para emagrecer”, diz-nos o guia, no meio de uma gargalhada, acrescentando “é aqui que a clínica faz prospecção de novos clientes!”.
Casablanca cresceu em redor da sua medina, durante a época do protetorado francês, onde ainda mantém alguns edifícios com fachadas de Art Nouveau e Art Deco, ou com arquitetura árabe-andaluza, ao lado de arranha-céus. É verdadeiramente uma cidade de contrastes, onde a tradição da medina se mantém juntamente com o aparecimento de galerias de arte e restaurantes modernos.
Apesar de não se conseguir precisar o verdadeiro fundador da Casablanca – anteriormente denominada de Anfa – a cidade poderá ter sido fundada por romanos, assim como fenícios ou berberes dos Zénètes. Mas, a sua importância marítima desde sempre foi realçada, como entreposto para transações marítimas e utilizada por vários países.
Tanto cobiçada pelos portugueses que, em 1468, invadiram e destruíram a cidade para proteger o seu comércio marítimo. Sob o reinado da dinastia Alauíta, no tempo do sultão Sidi Mohammed Ben Abdellah (1757-1790), a cidade reconstrói-se e torna-se “Dar Al Baida”, “Casa Branca”, ou “Casa Blanca”, de acordo com o nome espanhol.
Foi em 1906 que se decidiu construir o primeiro grande porto moderno do Reino em Casablanca, e que se tornou estratégico durante a II Guerra Mundial, intensificando a atividade portuária e atraindo investimentos internacionais. Assim, tornou-se um motor económico essencial para o país.
Por ser uma cidade costeira, Casablanca é também muito escolhida por quem gosta de praticar desportos aquáticos, como jet ski, surf, pesca, mergulho ou windsurf.
Alguns lugares a visitar em Casablanca:
– A Scala é um reduto fortificado, do século XVIII, mandado construir pelo sultão Mohamed Ben Abdallah. Foi uma defesa da cidade e atualmente um restaurante, com jardim andaluz, e os antigos canhões virados para o mar.
– A Medina é a parte mais antiga da cidade, destruída pelo terramoto de 1755 (sim, também o chamado de terramoto de Lisboa se sentiu aqui) tem uma mistura de arquitetura árabe-muçulmana e arquitetura colonial.
– Bairro de Habous: foi construído na década de 20, com ruas pitorescas, pequenas praças e arcos de pedra, onde estão estabelecidas lojas e bazares de comércio e artesanato. Procure conhecer a doçaria marroquina numa das patisseries.
– Mahkama: edifício de 1952, onde já funcionou o Tribunal e acolhe as receções do Pacha. Hoje em dia é a sede da Prefeitura de Mechouar.
É de ficar com os olhos pregados na beleza da Mesquita Hassan II. Num enorme espaço, ao largo de uma espaçosa praça, está a mesquita situada quase em cima do mar. E, se a vir da outra margem, parece mesmo que está pousada no oceano Atlântico. É uma das maiores mesquitas do mundo e conta com o minarete mais alto do mundo, com 210 metros de altura.
Só na segunda visita a Casablanca, tive o tempo necessário para visitar a sala de orações – da primeira vez estava com tempo contado para apanhar o avião. Tem uma planta retângular, apoiada por 78 pilares com granito, mármore e ónix. A mesquita, construída entre 1986 e 1993, tem ainda uma curiosidade: o seu teto abre em poucos minutos! A ideia? Que a Mesquita comunique com os três elementos: o céu, o oceano e a terra.
A Mesquita Hassan II é o edifício mais de alto Casablanca e pode acolher, na sua sala de orações, até 25 mil fiéis, no seu interior, e 80 mil no terraço exterior. A Mesquita tem também uma madraça, uma biblioteca, um museu nacional e várias salas de conferências. Mais informações da mesquita, aqui.
CULTURA
A cidade de Casablanca tem agenda cheia de concertos, exposições e peças de teatro, entre outras atividades culturais. O complexo de cinema Mégarama, no bairro de Ain Diab, acolhe concertos e outros espetáculos. É considerado o maior cinema de África com 14 salas e tem a segunda maior tela de cinema do mundo.
E se tem o maior minarete na mesquita, Casablanca demostra novamente a sua queda para pensar em grande, agora com a construção do maior teatro de Marrocos, na Praça Mohamed V.
GOLFE
É também uma cidade muito procurada pelos seus campos de golfe:
– Royal Golfe de Anfa (rodeado de eucaliptos, com um percurso de 2.710 metros, Par 35);
– Royal Golfe de Mohammedia;
– os Campos de Golfe de Bouznika Bay;
– El Jadida, Mazagão ou de Benslimane, associam os seus campos de golfe com outras atividades no mar ou perto da floresta.
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Aqui perto, o que pode visitar? Conheça El Jadida
Nos arredores, Azemmour: uma pequena cidade fortificada na margem do rio Oum Er R’bia. Com influência portuguesa, mantém muitos vestígios como, por exemplo, as portas das casas. A ruína da Casbah, com as suas muralhas, tem uma torre de janelas com estilo gótico.
Um pouco mais longe, frente ao mar, fica a cidade portuguesa fortificada de El Jadida, a cerca de 100 quilómetros de Casablanca. Com a sua arquitetura bem preservada, mostra uma mistura de influências entre as culturas europeias e marroquinas.
E tem um ambiente também cinematográfico, com torres, muralhas, arcos e ruelas emaranhadas que inspiraram a Sétima Arte. Aliás, os arcos majestosos da cisterna Portuguesa, classificados como Património Mundial da UNESCO e uma das 7 maravilhas de Portugal no mundo, serviu como pano de fundo para o filme “Othello”, de Orson Wells.
A Lagoa de Oualidia : Entre El Jadida e Safi, pela vila de pescadores onde a lagoa de água azul- turquesa e a sua praia convida a nadar. Conhecida pelas suas ostras, peixe fresco e marisco.
ONDE DORMIR EM CASABLANCA
Fiquei alojada no Hotel Golden Tulip Farah Casablanca, um hotel moderno no centro da cidade, a cinco minutos a pé da estação de comboios e a cinco minutos de carro da Mesquita Hassan II, que é certamente o edifício mais visitado. O aeroporto fica a cerca de 25 Km. Leia mais aqui.
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ONDE COMER EM CASABLANCA
Além do Rick’s Café e da Brasserie Marcel Cerdan… há sítios mais económicos para comer. Experimentei uma pizzaria no centro da cidade, antes de ir para o aeroporto e comi uma pizza média por 3€. A pizzaria chamava-se Hiba e serve de exemplo de como se pode comer bem e barato, com pizza bem saborosa.
E também há sítios mais caros, mas que valem a pena, pela qualidade da comida e pelo ambiente do espaço. É o caso do (muito bonito) restaurante Le Basmane, que pertence ao Hotel Val d’Anfa, que fica muito perto da praia em Casablanca. Considerado como um dos melhores restaurantes de Casablanca, e tendo ganho já vários prémios, Le Basmane fica na Boulevard do Oceano Atlântico, serve a cozinha tradicional marroquina.