Durante a peregrinação do projeto Italian Wonder Ways, ao fazermos a Via Amerina, e seguindo os passos de S. Francisco até Roma, passamos por diversas cidades. Foi uma nova forma de viajarmos e de conhecer sítios muitos bonitos, como foi o caso da acolhedora Civita Castellana, que fica na província de Viterbo, na região de Lázio. Fica a cerca de 70 quilómetros a norte de Roma.
Chegamos a Civita Castellana, depois de mais um dia de caminhada pela Via Amerina. O autocarro deixou-nos do outro lado da ponte (Ponte Clementino, do século XVIII), ao lado de um forte, mesmo antes de se entrar no centro histórico da vila. Nesse fim de semana havia uma festa, com reconstituições medievais, com a feira popular montada ali perto, enquanto passeavam figurantes com trajes medievais.
Aqui ao lado está a entrada para o Orto de Miretto Gia Orto de Checo, que é um parque verde, com bancada em formato de anfiteatro, e com um caminho superior que dá vista para os montes que rodeiam Civita Castellana.
Começamos a nossa visita no Forte (ou Fortaleza) Sangallo, construído por Antonio Sangallo, o Velho, a pedido do Papa Alexandre VI (Borgia, 1492- 1503). O projeto arquitetónico foi terminado por Antonio Sangallo, o Jovem. Tem um plano pentagonal, com uma torre central, em forma octogonal, junto de um antigo castelo do século X. O forte é totalmente rodeado por um fosso e no início do século XIX foi uma prisão.
Atualmente, acolhe o Museu Arqueológico dell’Agro Falisco, com descobertas de ruínas e peças históricas que marcam esta região. Uma das peças de destaque é um carro, que seria puxado por cavalos, ao estilo “Ben Hur”. Mas não só!
O Museu de Civita Castellana contém alguns itens que são de particular importância. São nove as salas de exposição, com artefactos antigos (peças do século III a.C.), bronzes, cerâmicas, terracotas, etc. Outra das curiosidades é o crânio com próteses dentárias em ouro, de um túmulo do final dos anos 800.
A Porta Borgiana é uma antiga porta erigida, em 1492, em honra de Rodrigo Borgia, que viria a ser o Papa Alexandre VI. Foi construído em parte com materiais de um antigo túmulo romano.
A Catedral de Santa Maria Maggiore (Il Duomo) foi construída no século XII e tem um espetacular e colorido mosaico no chão. Uma curiosidade? O órgão, dizem-me, foi tocado pelo jovem Wolfgang Amadeus Mozart. Apesar de a construção ter começado à volta de 1185, o pórtico é de 1210 e toda a igreja teve renovações em meados do século XVIII, imprimindo-lhe mais o estilo barroco.
Se for visitar a igreja num dia de bastante claridade e sol, como nós, vai verificar que os vitrais são muito bonitos e refletem, num arco-íris incrível, as suas cores pelo interior da catedral. No batistério tem uma pia batismal do século XV e no altar está um sarcófago romano em mármore (dos séculos III ou IV) e quadros (e frescos) dos séculos XIV e XV.
Outras igrejas importantes em Civita Castellana: a Santa Chiara (igreja com um portal renascentista de 1529); e a Santa Maria del Carmine, do século XII, com uma pequena torre sineira.
Civita Castellana é também conhecida pela Cidade da Cerâmica, já que tem muita tradição nesta área, desde tempos remotos. Como estivemos lá num domingo, e estava tudo fechado, não foi possível ir a nenhuma loja confirmar esta tradição, mas mesmo na rua vai encontrar peças de cerâmica e até composições que fazem obras de arte. Há inclusive um Museu da Cerâmica que pode visitar à terça e quinta-feira, sábado e domingos e em dias festivos.
Além das recriações medievais, que estavam a decorrer no fim de semana que passamos em Civita Castellana (em finais de setembro), havia também concertos. Nesta vila, com apenas 15 mil habitantes, toda a gente sai para a rua quando há festa e fica um ambiente incrível.
Quando passear pelas ruas de Civita Castellana fique atento aos seus edifícios antigos. Muitos deles foram alterados, com o passar do tempo, e mostram ainda alguns resquícios do passado. Também vai encontrar placas com as datas dos edifícios e a explicar o que está a ver.
Como exemplo, este edifício da foto abaixo, que parece um prédio em ruína, foi o Palazzo Paradisi, construído no século XVII. Salienta-se o seu portal e o brasão de armas do dono Paradisi. Vai ainda encontrar inúmeros vestígios de torres medievais, que sustentam agora habitações comuns.
Só existe uma forma de conhecer o centro histórico de Civita Castellana: a pé, percorrendo as suas ruas típicas. De casas e ruas estreitas, fachadas coloridas, portadas de madeira, vasos e canteiros floridos e candeeiros tradicionais.
ONDE DORMIR EM CIVITA CASTELLANA
A estadia em Civita Castellana foi no hotel de 4 estrelas Relais Falisco, a cerca de 50 metros da Duomo, e um dos jantares foi no seu restaurante, La Scuderia. O hotel tem um grande jardim, junto da entrada, com uma fonte e um terraço. Ambos os espaços são muito relaxantes. Os quartos são decorados de forma clássica, mas muito confortáveis. Nos corredores do hotel repare nos tetos de madeira, pintados à mão com motivos coloridos.
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ONDE COMER EM CIVITA CASTELLANA
O que comer de típico: queijos locais com leite de cabra e de vaca. As cervejas artesanais locais “Borgia”…
Num dos almoços fomos a uma pizzaria comum, onde cada fatia custa 1 euro (as mais simples como marguerita, são as mais baratas) e são bem boas. Pode sentar-se numa mesas que tem no interior, levar a fatia e comer pelo caminho, ou sentar-se num dos bancos altos, ao balcão, junto de uma janela com vista para a rua.
Ao jantar, experimentamos dois restaurantes. primeiro o La Scuderia do hotel onde ficamos instalados, o Relais Falisco. O hotel de quatro estrelas tem muito bom ar, ao estilo clássico, e no restaurante é também a gastronomia tradicional servida, mas com um toque mais moderno, principalmente no empratamento. Gostamos muitos.
Noutra noite, fomos experimentar o (muito) sugerido Restaurante Becco Fino, que fica na Via delle Palme 18. Foi uma das melhores refeições desta semana pela região central de Itália. Comida muito bem confeccionada, sabores apurados e pratos com imaginação: incluindo o semifrio de amendoim para a sobremesa.