Caro leitor, deixe que lhe dê este conselho: para entrar na Quinta da Pacheca, em Lamego, é preciso estar preparado para uma experiência de turismo, vínica e gastronómica, inolvidável.
Nunca esquecer também, que vai estar na mais antiga região demarcada de vinhos do mundo inteiro, ou seja, no Alto Douro Vinhateiro, classificado como Património Mundial pela UNESCO, desde 2001.
Com o seu projeto de alojamento e restaurante, a Quinta da Pacheca é o ponto de partida perfeito para conhecer a região duriense: os seus vinhos e gastronomia, a sua história e as suas gentes.
Se a casa principal da quinta é do século XVIII, já em tudo o resto se nota a modernização (de forma controlada e organizada), implementada nos últimos anos, estando mais abertos ao turismo de uma forma geral.
É algo que se sente… esse abrir de portas da Quinta da Pacheca, quando todos nos recebem com um sorriso e boa disposição. E se, antes, “só” tinha as suas vinhas e toda a experiência vínica para dar a conhecer, atualmente é todo um conjunto de atividades que nos faz querer ficar por lá bem mais do que um simples dia.
Na casa principal estão 15 quartos (The Wine House Hotel Quinta da Pacheca), todos diferentes, e um restaurante que se une à paisagem envolvente.
São espaços especiais pensados para, de facto, serem mais do que um quarto ou mais do que apenas uma sala de refeições. Não é, por isso, de estranhar que os prémios se sucedam, entre eles, o da Great Wine Capitals – Best of Wine Tourism, em 2015, na categoria de “Alojamento” e, em 2016, na categoria de “Experiência vínica Inovadora”.
Se tiver de escolher um primeiro ponto para conhecer a quinta, comece pelas vinhas, conheça as plantações, os lagares da pisa das uvas (onde estão várias fotografias antigas da produção e do transporte de vinho), passe pela adega, com os tonéis e pipas, antes de se sentar à mesa para provar os néctares da Pacheca.
Se quiser, pode pedir para lhe organizarem um piquenique, nos jardins da quinta, com vista para todo aquele imenso verde das redondezas.
É também nos jardins que vai encontrar uma gigante garrafa, esculpida num tronco de árvore, que estava prestes a desaparecer. Aqui, ficou eternizada como “O Néctar da Pacheca”, de 2014, da autoria de Óscar Rodrigues.
Uma escultura de homenagem à produção de vinho, dando uma segunda vida a este carvalho antigo. Aqui ao lado, são convidativas as cadeiras verdes reclinadas ou mesmo a cama, de estilo balinesa, que é iluminada por um candeeiro, no final de tarde quente, como o que encontramos. Não dá vontade de sair daqui, mas a degustação gastronómica chama por nós.
São 51 hectares de vinha que em junho – mês em que visitámos a quinta – estavam em pleno, num verde intenso que inundava os montes durienses. As visitas sucedem-se em várias línguas e com muitos curiosos a quererem ficar para a completa experiência gastronómica da Pacheca.
O The Wine House Restaurant tem como base a gastronomia típica portuguesa, com pormenores contemporâneos da cozinha internacional. Mal entra na sala é a cor verde que sobressai, mas o enorme armário de madeira escura, que guarda a louça tradicional de Bordalo Pinheiro é, sem dúvida, o foco das atenções.
Depois de passar a porta, precisa apenas de se virar para o lado esquerdo, para os seus olhos ficarem retidos no imenso vidro que deixa admirar os montes vizinhos. É, sem dúvida, uma paisagem encantadora.
À mesa vêm os pratos criados pelo chef Carlos Pires, que usa os produtos da época e aposta em ingredientes da região duriense. Cada iguaria é harmonizada com os vinhos desta quinta. E quem sabe… acabar uma refeição com um Porto de 40 anos? Foi o que fizemos!
Provámos pratos como o folhado de alheira e o bacalhau com crosta de broa e lima, mas também havia o tentáculo de polvo, assado no forno com batata a murro, ou mesmo a paleta de cabrito com arroz do forno aromatizado com menta. Para terminar, um duo de chocolate acompanhado com sorvete ou um mais típico creme de leite queimado.
É neste mesmo espaço que são servidos os pequenos-almoços… ou seja, é a melhor forma de começar o dia. Ao pequeno-almoço há de tudo um pouco: panquecas e crepes, com variadas compotas, pão fresco regional (que delícia, torrados com manteiga), bolos e muita fruta. Se preferir algo quente, há ovos mexidos, salsichas e bacon e até sopa! Junte às propostas, ainda, os cereais, frutos secos, maçã assada, salmão fumado, pastelaria diversas e, chá em ervas secas para fazer a sua própria infusão, assim como leite, chocolate em pó e café.
No The Wine House Hotel, a casa oitocentista foi restaurada de forma a respeitar a arquitetura inicial. Se, de dia, a fachada branca destaca-se, com os apontamentos de pedra, à noite os olhares dirigem-se para o rasgo de vidro no edifício, onde sobressaem as sombras dos hóspedes.
A entrada da casa, junto da receção (sem balcão e sem divisão entre hóspedes e gente da casa), tem uma decoração mais moderna, uma enorme lareira – era aqui a antiga cozinha -, que vai sendo contrastada com apontamentos mais clássicos encontrados nas salas de estar superiores, com quadros e imagens do passado, estátuas e um piano antigo.
Nestas salas do primeiro andar está também uma lareira, e um local com computador para usufruto de hóspedes que precisem de usar a Internet (o wifi cobre toda a área da quinta e é gratuito).
O nosso quarto misturava o clássico com o moderno. Uma cama grande – e confortável – com uma cabeceira que combina com os cortinados e sofá, e janelas amplas, de portada, que se abrem para os floridos jardins.
Para todos os hóspedes, está disponível no quarto, um “miminho”: uma pequena garrafa de vinho do Porto da Quinta da Pacheca, para ser degustado quando quiser.
No exterior, está uma esplanada, junto a um marco de pedra, conhecido como marco pombalino (1761) que, na altura, foi um dos muitos que delimitou a região demarcada de vinhos do Douro, tornando-a a mais antiga do mundo.
Tem ainda uma capela, está em obras e que vai ter ao lado mais um edifício que vai receber eventos, uma das grandes apostas desta casa. Também em breve, a quinta vai ter uma piscina. E, por fim, não deixe de passar na pequena loja onde pode comprar os vinhos da Quinta da Pacheca.
Além das visitas e provas, pode frequentar cursos de vinhos e workshops de cozinha; fazer passeios de barco, helicóptero e de comboio no Douro; piqueniques; e passeios de bicicleta e pedestres.
INFORMAÇÕES
Quinta da Pacheca, Rua do Relógio do Sol, 261, Cambres, Lamego, Portugal
Telefone: +351 254 331 229
GPS – 41.155525, -7.797714
A prova e visita são gratuitas para quem está alojado no hotel ou quem faz refeições no restaurante.
Provas de vinhos para simples visitantes: 9€ com dois vinhos e dois Portos
Preço de refeição no restaurante: média de 25€/pessoa sem bebidas incluídas.
Tem estacionamento e wifi gratuitos.